sábado, 6 de novembro de 2010
Votar em palhaço é uma forma válida de protestar?
O desgosto do brasileiro com os políticos tem gerado protestos inusitados, como a eleição de animais, em décadas passadas, e a candidatura de pessoas sem nenhuma ligação com a política, que chegam a declarar publicamente não entenderem nada sobre o cargo que disputam. O slogan mais comentado deste ano foi "Vote Tiririca, pior que tá não fica". O que você pensa disso? Esse tipo de voto de protesto ajuda o Brasil a melhorar? Passado o fervor da campanha eleitoral e concretizado o deboche por meio da eleição desses personagens, como fica o país e qual a contribuição desses novos políticos durante anos? Qual o prazo de validade da piada que se faz ao se votar em palhaços? Com base nos textos de apoio e em outras informações de que você disponha, elabore uma dissertação defendendo um ponto de vista sobre a pergunta: Votar em palhaço é uma forma válida de protestar?
sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A POLÍTICA DA TROCA DE FAVORES
A História da sociedade brasileira é pautada na forte divergência entre os interesses individuais e as necessidades coletivas. Desde o começo de sua história, o Brasil é palco de uma política de favorecimento das elites. Partindo do sistema escravista e chegando até os dias atuais , percebe-se como se formou essa sociedade,marcada pelo pressuposto da falta de respeito às leis e pela corrupção.
Primeiramente, é necessário destacar a forma como as relações de poder, desde cedo, influenciaram na formação de uma consciência política puramente elitista. Desde o Brasil Colônia,onde o poder político-administrativo foi entregue à nobreza portuguesa, até a própria independência do país,em 1822,onde o povo apenas serviu como massa de apoio, percebe-se que a participação das camadas populares em momentos decisivos na política do país é praticamente inexistente. O poder era, tradicionalmente, exercido por aqueles que possuíssem influência nas altas camadas sociais,ou seja, era sinônimo de renda. Percebe-se,assim, o caráter censitário das origens da política brasileira,caráter esse que perdurou ao longo de décadas.
É necessário destacar ainda que, a partir deste pressuposto de domínio político elitista,pôde-se erguer facilmente a questão da manipulação ideológica : agindo com o auxílio de uma boa retórica e de uma ação paternalista, conseguiu-se , quase sempre, manter as massas em submissão. Como bom exemplo disso, tem-se o esquema do 'coronelismo', característico da fase da República Velha,através do qual a população pobre, mantida sob o comando do coronel,era alvo do 'voto de cabresto' e formava os chamados 'currais eleitorais', cuja ação mantinha no poder o coronel local e, com ele, o esquema eleitoral de apoios mútuos.
A partir daí, percebe-se como, a partir da restrição inicial ,o pensamento político do povo chegou à acomodação e ao desinteresse.
É preciso destacar,porém, que apesar desta forte restrição sofrida pelo povo , existiram momentos de exceção, movimentos de luta , resistência e cobrança , nos quais as camadas populares manifestaram sua insatisfação em relação ao que se passava no país. Vide as inúmeras greves de trabalhadores do início do século XX, que lutavam por melhores condições de trabalho e por direitos, bem como os diversos protestos estudantis das décadas de 1960/70 , no contexto da censura e repressão doa ditadura militar.
É necessário destacar que , inerente à participação política, há o pressuposto da honestidade, que deve passar da esfera individual à coletiva. É necessário que a ação honesta e justa esteja presente primeiro no cotidiano de cada indivíduo,em seu trabalho e vida particular, para que ,como consequência direta, se instale na esfera pública, nos assuntos coletivos, na política. Afinal, é inútil que se pregue a guerra contra a corrupção coletiva quando esta existe no âmago de cada vida particular, em prol de interesses individuais.